Morrissey fala sobre homenagens após morte de Sinéad O'Connor: 'foi hostilizada por ser ela mesma'

27 de julho de 2023, 11h52, por Amanda Ramalho

A morte de Sinéad O'Connor, de 56 anos, na última quarta-feira, 26, pegou todos de surpresa. Como sempre, depois da partida de alguém as homenagens ganham as páginas da web como se a pessoa fosse muito querida.

O mercado fonográfico não fazia muita questão da cantora. Sinéad não gostava de ser rotulada e foi muito críticada pelos 'especialistas' da música.

O cantor Morrissey ficou revoltado com as diversas mensagem que esse nicho começou a fazer para a artista e decidiu se manifestar. Ele ressaltou o fato de ter sido dispensada pela gravadora e a perseguição pública que sofreu pela imprensa durante anos, o que acarretou diversos problemas de saúde.

Confira o texto publicado por Morrissey:

"Ela tinha tanto de si para dar. Ela foi dispensada por sua gravadora depois de vender 7 milhões de álbuns para eles. Ela ficou enlouquecida, sim, mas desinteressante, nunca. Ela não tinha feito nada de errado. Ela tinha uma vulnerabilidade orgulhosa... e há um certo ódio na indústria musical por cantores que não 'se encaixam' (disso eu sei muito bem), e eles nunca são elogiados até o dia em que morrem - quando, finalmente, não podem mais responder.

O cercadinho cruel da fama jorra elogios para Sinéad hoje… com os rótulos idiotas usuais de 'ícone' e 'lenda'. Vocês a elogiam agora APENAS porque é tarde demais. Vocês não tiveram coragem de apoiá-la quando ela estava viva e procurando por vocês. A imprensa rotula os artistas como parasitas por causa do que eles guardam para si… e chamaram Sinéad de triste, gorda, chocante, louca… ah, mas não hoje!

Executivos da música que colocaram seu sorriso mais charmoso ao recusá-la em suas listas estão fazendo fila para chamá-la de 'ícone feminista', e celebridades de 15 minutos de fama, trasgos do inferno e gravadoras de diversidades artificialmente despertadas estão se espremendo no Twitter para postar suas baboseiras ... quando foram VOCÊS mesmos quem convenceram Sinéad a desistir... porque ela se recusou a ser rotulada, e foi degradada, como os poucos que movem o mundo sempre são degradados.

Por que ALGUÉM está surpreso que Sinéad O'Connor esteja morta? Quem se importou o suficiente para salvar Judy Garland, Whitney Houston, Amy Winehouse, Marilyn Monroe, Billie Holiday? Para onde você vai quando a morte pode ser o melhor caminho? Essa loucura musical valeu a vida de Sinéad? Não, não valeu.

Ela era um desafio, não podia ser encaixotada e tinha coragem de falar quando todos os outros permaneciam em silêncio. Ela foi hostilizada simplesmente por ser ela mesma. Seus olhos finalmente se fecharam em busca de uma alma que ela pudesse chamar de sua.

Como sempre, os modinhas perdem o momento e, cheios de orgulho, retornam aos onfensivamente estúpidos 'ícone' e 'lenda' quando, na semana passada, palavras muito mais cruéis e desdenhosas teriam servido. Amanhã, os almofadinhas bajuladores voltam para suas postagens de merda online, com sua acolhedora cultura do câncer, sua superioridade moral e seus obituários arrependidos... tudo isso vai te pegar com mentiras em dias como hoje... quando Sinead não precisa mais de sua porcaria estéril".

A causa da morte não foi divulgada, mas segunda a imprensa internacional, Sinéad O'Connor foi encontrada inconsciente em um apartamento em bairro de Londres.

Sinéad travava uma dura batalha para tentar superar a morte do filho, no ano passado, aos 17 anos. Shane O'Connor também lutava contra depressão e ficou desaparecido por dois dias até ser encontrado sem vida.

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