Entrevista: Pedra Letícia

02 de dezembro de 2011, 09h29, por Da redação, por Amanda Ramalho

"Como que ocê pode abandoná eu, se nóis foi sempre siliz, esse moço nunca te mereceu e eu sou o que ocê sempre quis". Foi nessa estrofe que há seis anos, os irreverentes integrantes do Pedra Letícia começaram sua trajetória.

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Letras de Pedra Letícia 

O bom humor, principal ingrediente desse grupo, ganhou fama através da web e atingiu milhões de visitas. Saiu do virtual e criou forma no mundo real. Composta por Fabiano Cambota (vocal e violão), Zé Junqueira (bateria), Thiago Sestini (percussão), Xico Mendes (guitarra) e Kuky Sanchez (baixo), a banda lançou este ano seu novo trabalho "Eu Sou Pedreiro" recheado com grandes participações.

Conversamos com Fabiano Cambota e ele nos falou sobre o início da carreira, o estilo do grupo, as cantadas dos homens, até o novo trabalho, confira!

Kboing – Como surgiu a banda e por que Pedra Letícia?
Fabiano Cambota -
A banda surgiu quase por acaso. Havia um projeto que já se chamava Pedra Letícia, mas era um acústico de bar, bem leve. Depois disso fomos tocar em um estabelecimento que era de propriedade do Thiago Sestini. Falimos esse bar e no dia em que ele fechou, contamos como o início da banda, pois foi aí que decidimos que tocaríamos sempre juntos. Mas o nome é uma história à parte. Não há um significado. Mas, obviamente, quem o ouve pela primeira vez imagina coisas surreais. Então, deixamos que o significado seja aquele que o público quiser. Porque se depender de nós, nunca conseguiremos explicar (risos).

Kboing – Rock, pop, brega... Qual o estilo de vocês? É possível resumir em um único ritmo?
Fabiano Cambota -
Costumamos dizer que somos uma de banda de rock. Mas é o cúmulo da pretensão, né? A gente só é uma banda. Nunca conseguimos complementar essa palavra pro Pedra Letícia. Nos damos o direito de gravar rock, pop, bolero, tango. E o melhor é isso. A partir do momento que não nos classificamos, evitamos rótulos e agradamos o público de "mamando a caducando".

Kboing – As músicas sempre falam do cotidiano das pessoas, mas com pitadas de bom humor. De onde surge tanta criatividade para compor? Como é o processo de criação? E como saber se isso irá agradar ao público?
Fabiano Cambota -
Escrevi sozinho as músicas do primeiro disco. Mas para esse CD me permiti encontrar alguns parceiros para algumas músicas. Tem composições que divido com o Gus Fernandes (humorista), Thales Augusto (médico-escritor) e o Danilo Gentili. Foi legal para que eu não me repetisse e gostei muito do resultado. Mas para escrever essas músicas não existe inspiração, existe observação. Inspiração, normalmente é para músicas tristes. E cada música surgiu de uma forma. Não houve um ritual de composição e pensei em letras até dirigindo pela estrada. Surge da observação mesmo. E a qualquer hora isso tem que acontecer. Agora, saber se vai agradar o público é impossível. Um bom termômetro é quando mostro as músicas pra própria banda para bolarmos os arranjos. Lembre-se que componho com o violão, então até se tornar uma música completa, cada integrante dá palpite no arranjo. O bom sinal vem quando nos divertimos tocando. É um caminho andado pra agradar o público.

Kboing – O jeito de conduzirem o show também é algo diferente. Como apostaram que essa forma seria a melhor maneira de prender ainda mais a atenção das pessoas?
Fabiano Cambota -
Nosso show é voltado totalmente pra divertir. Fazer com que as pessoas que estejam ali vivenciem duas horas ou mais de uma experiência de divertimento pleno, de escapismo mesmo. A ideia é introduzir cada pessoa ao mundo do Pedra Letícia. Um mundo que varia entre o cínico, o bobo, o inocente. Mas a forma como conduzimos o show não foi exatamente pensada, ela foi surgindo aos poucos moldada pela nossa forma de encarar os próprios problemas.

Kboing – O que gostam de ouvir? Quais artistas 'influenciam' a banda?
Fabiano Cambota -
Cada um da banda tem um estilo que se une e vira essa mistura que é a Pedra Letícia. O que nos une hoje é Beatles, mas cada um também traz sua parte do caldeirão. Eu sou apaixonado, por exemplo, por Luiz Gonzaga. E sei que em algum momento coloco essa paixão em evidência, assim fazem cada um dos integrantes.

Kboing – Vamos falar um pouco sobre o novo trabalho do grupo, "Eu Sou Pedreiro". Os homens realmente apostam nessas cantadas??
Fabiano Cambota -
Não! Isso eu posso afirmar. É tudo uma grande curtição e dependendo da diversão que a cantada possua, ela pode sim funcionar. Porque o bom humor está sempre em alta entre os requisitos que as mulheres listam.

Kboing – Agora falando sério... O projeto conta com 12 canções inéditas e apenas uma regravação. Como foi o processo de criação desse trabalho?
Fabiano Cambota -
Não houve pressa em gravar, tivemos tempo para escolher e montar arranjos. Cada música foi se transformando até virarem o que viraram. Acho que é visível o amadurecimento do nosso repertório e da execução das músicas. Nesse momento cada integrante tem um papel importante. Talvez a surpresa fique por conta da presença do rock mais intensamente. Além de termos encarado colocar uma música infantil e uma faixa bem bonitinha que se chama "Se Essa Culpa Fosse Minha". Além disso, o humor está mais ácido, inclusive na escolha do cover.

Kboing – O Danilo Gentili (humorista e integrante do CQC) também participa do trabalho. Qual a participação dele no CD "Eu sou Pedreiro"?
Fabiano Cambota -
O Danilo tem um projeto musical com o humorista Rogério Morgado que se chama "A Pior Banda do Mundo". Eles me convidaram pra fazer um show e dentro do repertório dessa apresentação havia uma ideia muito legal que faltava ser desenvolvida. Era a música "Ela Traiu o Rock and Roll". O resultado virou um rock classicão. Está entre as minhas favoritas.

Kboing – Como está sendo o trabalho de divulgação desse novo disco?
Fabiano Cambota -
Sempre contamos muito com a divulgação da galera que ajuda a banda. Não só do escritório, mas um público muito fiel e que ajuda muito colocando as músicas nas rádios, nos programas. Ainda está bem no começo do trabalho, mas já tem dado demonstrações da aceitação quase unânime. Isso sim era inesperado.

Kboing – Vocês fazem parte dessa geração que 'nasceu' na internet. Na opinião de vocês ainda há espaço para novas bandas?
Fabiano Cambota -
Sempre vai haver. E todos os dias vemos coisas boas surgindo pela rede. As coisas sem qualidade acabam por ali, mas quem fizer um trabalho legal vai se garantir também fora da web. E tem muita gente que ainda está por vir. A internet ajuda a dar oportunidades sem que a banda necessite obrigatoriamente de aparecer na TV ou tocar nas rádios.

Kboing – Quais os projetos do grupo para os próximos meses?
Fabiano Cambota -
Fazer nossa música andar. Queremos viajar, conhecer cidades, fazer shows, encontrar pessoas. Viver de música é um sonho que essa galera que nos divulga torna possível.

Kboing – Deixem um recado para o pessoal que curte o trabalho de vocês no Kboing.
Fabiano Cambota -
Primeiramente agradecemos a oportunidade de nos expressar por aqui. E para quem conhece a Pedra Letícia, pedimos o apoio que sempre nos dão. Aos que não conhecem a banda pedimos um pouco de paciência. Nós podemos te surpreender. Quem sabe, né!